PRECIOSA

Indicação de filme: preciosa

Superar as adversidades, ser perseverante nos seus propósitos e sonhar uma vida melhor são as mensagens que a personagem Clarice Preciosa Jones passa no filme Preciosa, ainda em cartaz nos cinemas de Salvador. A personagem é vitima de todas as violências imagináveis pela sua própria família: abuso sexual, o ataque constante a sua auto estima, a falta de orientação que todo jovem precisa para seu desenvolvimento normal, a exploração por uma mãe que não quer superar as adversidades da vida e também não apóia sua filha a vencê-las, a falta de acolhimento pelos colegas e a total ausência de amor.
Apesar da violência real e subjetiva praticadas pela sua mãe e por seu pai, Clarice sonha com uma vida de glamour, reconhecimento pessoal e com o assédio de um namorado imaginário. Isso chama a atenção durante todo o filme, pois a maioria das pessoas não é capaz de sonhar nos momentos de adversidade, assim, espanta-se com a personagem que sonha diariamente, mesmo num ambiente adverso e perverso para qualquer ser humano.
A história ganha um novo rumo depois que Clarice é enviada para uma escola para alunos com problemas de aprendizagem e, neste local, com pessoas que enfrentam o mesmo problema que ela e com uma professora engajada e vocacionada para o ensino, descobre que os sonhos podem ser colocados em prática, já que a personagem descobre a sua capacidade de realização.
Tendo em vista os abusos sexuais sofridos por Clarice praticados por seu pai, ela tem uma filha com síndrome de down e, durante o filme, nasce outra criança. Uma característica em Clarice chama a atenção: ela é capaz de amar seus filhos, frutos da violência praticada por seu próprio pai, sem conhecer o verdadeiro amor de mãe. O serviço social americano sugere a Clarice que esta entregue a nova criança para adoção, mas ela resiste e diz que formará a sua família.
Outro ponto interessante é que o acolhimento do Estado através da escola foi capaz de incutir em Clarice a confiança necessária para a superação, tanto é que, na primeira dificuldade que ela encontra após o retorno do hospital com a criança que acaba de nascer, a escola é seu local de refúgio e a professora se converte em outra função antes imaginada: assistente social.
Na condição de servidor público que também lida diariamente com os problemas das pessoas, refleti sobre meu papel de defensor público e do poder de um acolhimento empoderador, sem assistencialismo. Vale a pena investir numa estrutura de emancipação do cidadão com pessoas preparadas para entender as adversidades da vida.
Várias reflexões surgem durante o filme, pois ele traz diversas mensagens e, em alguns momentos, é fácil a identificação com a personagem. Falta saber se somos capazes de sermos tão corajosos quanto ela.

Gil Braga de Castro Silva

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